O objetivo deste artigo é verificar, a partir da análise de contos de escritores moçambicanos, em que medida a diegese é representativa da identidade da nação. Para tanto, selecionamos textos de Luís Bernardo Honwana, Ungulani Ba Ka Khosa e Mia e Couto e analisamos as categorias da narrativa, salientando o espaço e as relações entre as personagens. Foram de grande valia, em nosso percurso analítico, os postulados de Stuart Hall acerca da identidade. Os resultados indicam que, no conto Dina, a identidade do jovem do grupo do curral – símbolo da aquisição de consciência política – se constrói em oposição à do colonizador e à do moçambicano conformado com a dominação. Em Orgia dos loucos, o protagonista, após encontrar o filho, diz que eles estão mortos, expressando o sentimento de que viver naquela situação, durante a Guerra Civil, equivalia à morte em vida, de que a vida era terrível, um verdadeiro martírio. Já no conto Chuva, a abensonhada, de Mia Couto, o retorno da chuva e a saída do jovem com o velho indicam que, com o fim da guerra, era possível ter esperança na reconstrução. Entretanto, a edificação do futuro dependeria do sentido atribuído ao passado.
Palavras-chave: Moçambique; conto; identidade
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Autoras do artigo
Luana Marin Galharte: Graduanda em Licenciatura em Letras / Português e Inglês na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Foi bolsista de Iniciação Científica (2020-2021). Atua no projeto Metáfora e voz da tradição em tempos sombrios nas literaturas de língua portuguesa. Integra o Grupo de Pesquisa Literatura e Tempos Sombrios.
Carina Marques Duarte: Professora Adjunta de Literatura Portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPAN). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com Estágio Pós-doutoral em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela mesma instituição. É líder do Grupo de Pesquisa Literatura e Tempos Sombrios.
Para citar
LEMOS, L. M. ; DUARTE, C. M. . A identidade da nação nos contos de Luís Bernardo Honwana, Ungulani Ba Ka Khosa e Mia Couto. MACABÉA- REVISTA ELETRONICA DO NETLLI, v. 11, p. 49-65, 2022.
Site da revista: http://revistas.urca.br/index.php/MacREN/article/view/293