"O império que não há": Portugal na poesia de Manuel Alegre

Boaventura de Sousa Santos (2003) afirma que, desde o século XVII, Portugal é um país semiperiférico no sistema mundial capitalista, pois, ao longo dos anos, manteve um desenvolvimento econômico intermédio e ocupou uma posição intermediária entre o centro e a periferia. Margarida Calafate Ribeiro ratifica a condição intermediária de Portugal em decorrência, primeiro, da tensão entre a nação e o seu império e, segundo, da tensão entre Portugal e a Europa e salienta que tal condição provocou a coexistência no imaginário coletivo português de dois tipos de discurso: o épico e o de perdição. O objetivo deste artigo é analisar a ocorrência do segundo na produção poética de Manuel Alegre, verificando em que medida Portugal é representado como periferia da Europa. Paralelamente, apontaremos o contributo da intertextualidade com Camões e Fernando Pessoa para tal representação. Serão de grande valia, em nosso percurso analítico, as proposições de Julia Kristeva, Boaventura de Sousa Santos, Margarida Calafate Ribeiro e Eduardo Lourenço. Imagens poéticas como as “naus que não mais” e “o império que não há”, além de nos remeterem ao imaginário coletivo dos portugueses e aos precursores do poeta, apontam – sobretudo pelo signo da ausência, de forma melancólica – para a condição periférica de Portugal na Europa.

Palavras-chave: Manuel Alegre; semiperiferia; intertextualidade; Camões; Fernando Pessoa.


Autora do artigo

Carina Marques Duarte: Professora Adjunta de Literatura Portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPAN). Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com Estágio Pós-doutoral em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela mesma instituição. É líder do Grupo de Pesquisa Literatura e Tempos Sombrios. 



Site da revista: https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/51120



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